quinta-feira, 14 de abril de 2011

Diversidade e Intolerância no Cinema

No ano de 2011 o projeto "Cinema e História" teve algumas reformulações, contando com a colaboração de mais alunos. Assim, foi possível discutir inúmeros temas a serem trabalhados e diferentes sugestões foram apresentadas. Ao final dos debates o tema mais votado foi o de Diversidade e Intolerância.
A lista de filmes votada conta com uma série de temas sobre o assunto, que vão desde o homossexualismo, as dificuldades na infância e o racismo. Tudo isso com um contexto histórico implícito, possível de trabalhar não só com a polêmica do preconceito, mas também com a ditadura e os anos 60 nos EUA, por exemplo.
O Palácio das Artes mais uma vez nos cedeu o espaço do Cinema Humberto Mauro para que possamos debater com diversas escolas temas que sempre de alguma forma estejam em destaque.

Atualmente, a homofobia é muito discutida e projetos de lei sempre aparecem para finalmente poder punir aqueles que praticam a violência contra o homossexual.

Por isso, achamos importante colocar em evidência não só esse assunto, mas outros temas sobre intolerância para que os jovens estudantes tenham mais informações e censo critico com relação a isso.

Os filmes e as datas escolhidas são os seguintes:

10 de maio (3ª feira) Filme: O Contador de Histórias
País/Ano: Brasil / 2009
Direção: Luiz Villaça
Duração: 110 minutos
Indicação etária: 14 anos

Sinopse
O filme mostra a vida de Roberto Carlos Ramos (Cleiton Santos, na idade adulta), pedagogo mineiro e um dos melhores contadores de história da atualidade. Criado na Febem desde os seis anos de idade, aos 13 anos ele conhece a pedagoga francesa
Margherit Duvas (Maria de Medeiros), que mudou sua vida radicalmente.


Data: 12 de maio (5ª feira) Filme: O ano em que meus pais saíram de férias
País/Ano: Brasil/ 2006
Direção: Cao Hamburger
Duração: 106 minutos
Indicação etária: 12 anos

Sinopse
Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País, seu maior sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma “estranha” e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade.


Data: 17 de maio (3ªfeira) Filme: Machuca
País/Ano: Chile/ Espanha/ Reino Unido/ França/ 2004
Direção: Andrés Wood
Duração: 120 minutos
Indicação etária: 12 anos

Sinopse
Chile, 1973. Gonzalo Infante (Matías Quer) e Pedro Machuca (Ariel Mateluna) são dois garotos de 11 anos que vivem em Santiago. O primeiro, numa bela casa situada num bairro de classe média. O segundo, num humilde povoado ilegal instalado a poucos metros de distância da escola. Dois mundos separados por uma muralha invisível que alguns sonham em derrubar na intenção de construir uma sociedade mais justa, como o padre McEnroe (Ernesto Malbran), diretor de um colégio particular de elite onde Gonzalo estuda. Em meio à política comunista instalada por Salvador Allende no país, o diretor decide fazer uma integração entre estes dois universos, abrindo as portas do colégio para os filhos das famílias do povoado. É assim que Pedro Machuca (Ariel Mateluna) vai parar na mesma sala de Gonzalo, ponto de partida para uma amizade cheia de descobertas e surpresas, que acontece paralelamente ao clima de enfrentamento que vive a sociedade chilena na violenta transição de Allende para Pinochet.



Data: 19 de maio (5ª feira) Filme: A Culpa é do Fidel
País/Ano: França / Itália / 2006
Direção: Julie Gavras
Duração: 99 minutos
Indicação etária: 14 anos

Sinopse
Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranquila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.

Data: 24 de maio (3ª feira) Filme: Morango e Chocolate
País/Ano: Cuba / México / Espanha /1994
Direção: Tomás Gutiérrez Alea, Juan Carlos Tabió
Duração: 105 min.
Indicação etária: Livre

Sinopse
A história narra o encontro de dois personagens antagônicos: David (Vladimir Cruz), estudante universitário que acredita na essência da Revolução Cubana e nas suas grandes realizações, e Diego (Jorge Perugorria, numa belíssima interpretação), um artista dissidente que luta contra o preconceito a que são submetidos os homossexuais em Cuba e exige o direito da liberdade de expressão num governo autoritário. A discussão que se trava entre Diego e David revela os dois lados de uma mesma moeda, os dois lados da Revolução Cubana. Revolução esta que, inicialmente, possuía um caráter nacionalista e que, depois, tomou a forma de uma revolução socialista aos moldes da Revolução Russa.

 
 
Data: 26 de maio (5ª feira) Filme: Direito de Amar
País/Ano: EUA/ 2009
Direção: Tom Ford
Duração: 101 min
Indicação etária: 14 anos

Sinopse
George (Colin Firth) é um professor de inglês, que repentinamente perde seu companheiro de 16 anos. Sentindo-se perdido e sem conseguir levar adiante sua vida, ele resolve se matar. Para tanto passa a planejar cada passo do suicídio, mas neste processo alguns pequenos momentos lhe mostram que a vida ainda pode valer a pena.


Data: 31 de maio (3ª feira) Filme: Crash
País/Ano: EUA / 2004
Direção: Paul Haggis
Duração: 113 min
Indicação etária: 14 anos

Sinopse
Crash é um filme que demonstra o retrato de uma sociedade marcada pelo preconceito. Este, no entanto, não é refletido na ingênua fórmula preto-branco, mas antes é demonstrado como uma realidade multicolorida e complexa: negros, brancos, muçulmanos, latinos, pobres, ricos. Tudo começa a partir do roubo de um carro de uma mulher rica. A partir de então uma série de incidentes acabar por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles.


Data: 02 de junho (5ª feira) Filme:O Pequeno Traidor
País/Ano: EUA / 2007
Direção: Lynn Roth, Israel
Duração: 88 minutos
Indicação etária: 12 anos

Sinopse
Em 1947, meses antes da criação do Estado de Israel, tudo o que Proffi deseja é que o exército britânico saia de sua terra. Numa noite, ao soar o toque de recolher, o menino é pego pelo sargento Dunlop. Proffi tinha a intenção de espionar o bunker inglês. O militar, ao invés de prendê-lo, decide deixá-lo em casa. Proffi fica surpreso ao perceber que Dunlop tem grande curiosidade pela cultura local. Quando os amigos de Proffi descobrem que ele visita o inimigo, o denunciam. O garoto é levado a um tribunal para ser julgado como traidor.


Data: 07 de junho (3ª feira) Filme: Advinhe quem vem para Jantar


País/Ano: EUA / 1967
Direção: Stanley Kramer
Duração: 108 minutos
Indicação etária: 12 anos

Sinopse
Este filme de 1967 que é um macro sobre as questões de miscigenação racial no casamento. Joanna (Katherine Houghton), a bela filha de um editor liberal, Matthew Drayton (Tracy) , e sua esposa aristocrata (Hepburn), retorna para casa com seu novo namorado Joh Prentice (Sidney Poitier), um ilustre médico negro. Cristina aceita a decisão da filha de se casar com John, mas seu pai está chocado com essa união inter-racial; bem como os pais do médico. Para acertar as coisas, ambas as famílias devem sentar-se frente a frente e examinar os seus níveis de intolerância. Neste filme, o diretor Stanley Kramer criou um estudo magistral dos preconceitos sociais.



Data: 09 de junho (5ª feira) Filme: O Banquete de Casamento
País/Ano: Taiwan / EUA /1993
Direção: Ang Lee
Duração: 108 min
Indicação etária: 12 anos


Sinopse
Wai-Tung (Winston Chao) é um chinês radicado nos Estados Unidos que leva uma vida exemplar para qualquer yuppie. Como já não é mais um garoto, sua família começa a se preocupar com a solteirice do filho e trata de arranjar uma noiva. Só há probleminha... Wai-Tung é gay e tem um relacionamento estável com Simon (Mitchell Lichtenstein). Sem coragem de contar aos pais a verdade, o jovem chinês tenta criar impecilhos para a escolha da noiva. Quando suas desculpas não funcionam mais, ele apela para a jovem Wei-Wei e pede para ela fingir ser sua pretendente. Como está devendo vários meses de aluguel para o próprio Wai-Tung, ela topa. Tem início uma série de mal-entendidos e situações embaraçosas.

Data: 14 de junho (3ª feira) Filme: Pátria Proibida
País/Ano:EUA/2006
Direção: Tommy Walker ,Christopher Dillon Quinn
Duração: 90 min
Indicação etária: Livre

Sinopse
John, Daniel e Panter são apenas três das mais de 25.000 crianças órfãs da sangrenta guerra civil, que atravessaram descalças o sul do deserto do Saara, em busca de um refugio das constantes doenças, ataques de animais selvagens, fome e dos rebeldes. Um jornalista os apelidou de Garotos Perdidos fazendo referencia direta aos Garotos Perdidos de Peter Pan, que também eram órfãos e que cuidavam uns dos outros. Essas crianças com idades entre 3 e 13 anos conseguiram sobreviver e formaram uma nova unidade familiar, chegando ao campo de refugiados das Nações Unidas no Quênia. Para a maioria a jornada terminava ali, mas para John, Daniel, Panter e outros 3.800 sobreviventes uma nova jornada acabava de começar. Escolhidos por programas de apoio aos refugiados do Sudão esse grupo deverá se mudar para a América onde devem começar uma nova vida. Este documentário acompanha a trajetória destes 3 Garotos Perdidos Sua adaptação a uma nova realidade, suas diferentes formas de lidar com o passado trágico e as esperanças para o futuro.





Data: 16 de junho (5ª feira) Filme: Billy Elliot
País/Ano: Reino Unido /França / 2000
Duração: 110 min
Diretor: Stephen Daldry
Indicação etária: 12 anos

Sinopse

Billy Elliot é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas de carvão. Billy fica fascinado com a magia do balé, com o qual tem contato através de aulas de dança clássica que são
realizadas na mesma academia onde pratica a luta.

O problema que se segue surge da resistência da família, particularmente de seu pai (Jamie Draven), em aceitar a idéia de que seu filho se tornasse um bailarino. Numa comunidade onde prevalece a idéia de que o homem se afirma a partir de sua força e virilidade (que poderiam ser demonstradas numa luta de boxe), a possibilidade de se tornar bailarino parecia encaminhar a pessoa na direção contrária.

Data: 21 de junho (3ª feira) Filme:Geração Roubada
País/Ano: Austrália / 2002
Direção: Phillip Noyce
Duração: 94 minutos
Indicação etária: 16 anos

Sinopse

Molly Craig (Everlyn Sampi) é uma jovem negra australiana de 14 anos que, em 1931, ao lado de sua irmã Daisy (Tianna Sansbury), de 10 anos, e sua prima Gracie (Laura Monaghan), de 8 anos, foge de um campo do governo britânico da Austrália, criado para treinar mulheres aborígines para serem empregadas domésticas. Molly guia as meninas por quase três mil quilômetros através do interior do país, em busca da cerca que o divide e que a permitiria voltar para sua aldeia de origem, de onde foram tiradas dos braços de suas mães. Na jornada elas são perseguidas pelos homens do terrível governador A. O. Neville (Kenneth Branagh), o qual não admite que as meninas não estejam de acordo com o ditado pela sabedoria branca e cristã.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Exibição de “O Menino do Pijama Listrado”

Alunos durante a exibição - Foto: Luiz Arnaut
O filme “O Menino do Pijama Listrado”, de Mark Herman abriu o terceiro módulo do Projeto Cinema História, que se dedica ao Nazismo. A exibição aconteceu no dia 16 de Setembro, no Cine Humberto Mauro. Estiveram presentes 110 alunos, com faixa etária média de 12 anos, sendo 85 do Colégio Batista Mineiro, e 25 da Escola Municipal Gino José de Sousa, ambos da cidade de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O filme retrata a amizade entre dois meninos de oito anos, numa situação adversa, a da Alemanha da Segunda Guerra Mundial, e em realidades diferentes: Bruno era filho de um oficial nazista, enquanto Shmuel era um judeu dentro dum campo de concentração.



Durante a exibição, algo curioso foi que os alunos manifestaram hostilidades ao personagem principal, Bruno. Após o filme, no momento do debate, eles se mostraram bastante interessados. Entre os temas que mais se destacaram na discussão, podemos citar a propaganda nazista, mais especificamente o que era mostrado às pessoas sobre os campos de concentração e o que efetivamente acontecia neles; o antissemitismo, as diferentes posições sobre o Nazismo dentro da própria Alemanha e a vida dentro dos campos de concentração, também foram temas recorrentes durante a discussão com alunos.




Vale ressaltar que grande parte da turma havia lido o livro que inspirou o filme, de título homônimo, do escritor John Boyne. Esta leitura deu margem para realizar paralelos entre os dois durante a discussão, bem como mostrar que o filme é uma obra com uma intenção de um diretor. Enfim, foi possível constatar que o Nazismo ainda abre espaço para muitos questionamentos, justamente por ter sido uma experiência extrema que envolveu, em diferentes medidas, a todos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Primeiro Módulo: História do Brasil

Baile Perfumado
A decisão de iniciarmos o Projeto Cinema e História com filmes sobre a História do Brasil partiu de dois motivos fundamentais: o primeiro, por nos possibilitar abordar uma variedade de contextos dentro de um mesmo espaço físico, fornecendo assim um maior leque de escolhas para os professores e escolas interessados, e ao mesmo tempo traçando um limite, para que as discussões e escolhas não se perdessem. O segundo motivo que nos fez escolher este tema foi a tentativa de valorizar e divulgar o cinema nacional, utilizando-o tanto como objeto quanto como ponte para a análise da sociedade brasileira.

 
A partir da escolha do tema, partimos para a seleção das películas, seguindo a proposta de abordarmos um  período tão abrangente. Para tanto, optamos por tratar dos “temas clássicos” da nossa História, dividindo-a, para tanto, em uma “tradicional” demarcação cronológica. Apesar de tentarmos dar atenção para todas as épocas e para os ditos “temas clássicos”, nos deparamos com empecilhos, tais como quantidade de produções sobre determinados temas, preocupações com a estética e aceitação pelos alunos, assim como as próprias limitações de tempo das exibições. Dessa forma, optamos por películas que julgamos capazes de abrirem análises e discussões mais relevantes. Foram elas:

. Caramuru (Colonização Brasileira)
. Carlota Joaquina (vinda da Corte para o Brasil)
. Mauá (Império Brasileiro).
[Justamente essas películas não tiveram exibições, por falta de demanda das escolas. Não temos elementos suficientes para compreender se foi uma coincidência ou se há um motivo para tal].
. Baile Perfumado (Cangaço)
. Quanto vale ou é por quilo? (Escravidão e desigualdade social atual)
. Zuzu Angel (Ditadura Militar)
. Peões (Movimento Operário das décadas de 1970 e 1980)


. Trecho de Cabra Marcado para morrer e filmes propagandísticos produzidos pelo Ipes (Instituto de Pesquisa e Estudos Socias). (Convulsões sociais e mobilizações sócio-culturais no período pré-ditadura Militar) – Para abordar o tenso período do governo João Goulart que antecedeu o golpe civil-militar de 1964 escolhemos trabalhar com duas fontes contemporâneas que tinham visões e objetivos fundamentalmente diferentes sobre a conjuntura em que foram produzidas. Enquanto “Cabra... ” iniciou-se como uma produção patrocinada pelo CPC (Centro de Cultura Popular), que visava educar e esclarecer o povo quanto ao que a esquerda acreditava ser uma vida de exploração, os curtos filmes produzidos pelo Ipes tinham o mesmo público alvo, contudo tentavam passar a mensagem de progresso através da iniciativa capitalista. O objetivo das exibições, portanto, era tentar incitar uma discussão mais aprofundada tanto sobre o período abordado quanto sobre a própria definição de “história” e “verdade”, ao apresentarmos mais de uma visão sobre um mesmo período.

Leiam em um próximo post sobre nossas impressões e conclusões sobre esta primeira experiência. E não se esqueçam de comentar!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A metodologia de investigação histórica

As reflexões sobre ensino de História vêm se subordinando à preocupação com a aprendizagem. O aluno constitui-se no centro das atenções: seu mundo social, seu desenvolvimento cognitivo, suas perspectivas e limitações, sua conscientização, assim como a necessidade de sua participação ativa no processo de ensino-aprendizagem. Nesse contexto, desde a década de 60, a ênfase na necessidade de renovação metodológica em sala de aula favoreceu o surgimento de propostas que separam os métodos de ensino dos conteúdos explícitos. O uso de audiovisuais como recursos didáticos começa a ser difundido na década de 70, e portanto a proposta deste Projeto não se apresenta como uma inovação para o ensino, mas sim como a experiência de um tipo de metodologia utilizado em um espaço diferente da escola.

Considera-se que no ensino fundamental e médio, é possível e necessário produzir conhecimento e, por conseguinte, considera-se algo primordial a familiarização do aluno com a metodologia de investigação histórica. Esse processo interessa, pois consiste em um trabalho de reconstrução do conhecimento – isto é, de construir em sala de aula o que já está construído na historiografia.

A metodologia de investigação, possuindo aqueles elementos comuns ao processo cognitivo desenvolvido fora e dentro da escola (problematização, busca de soluções, descoberta), se torna interessante pois permite aos alunos aprender mais facilmente a história. Assim, acreditamos que esta seria a metodologia mais adequada para se acompanhar o esforço historiográfico de desconstruir, reconstruir e construir histórias.

Dentro dessa metodologia, espera-se uma postura ativa do aluno durante todo o processo. Para isso, é necessário oferecer condições para exercer tal posição, para aprender pela descoberta. Esse trabalho crítico é similar ao que o historiador deve exercer para com as suas fontes, e para tanto cito Le Goff, um dos expoentes da Nova História,

 "No limite, não existe um documento verdade. Todo documento é mentira. Cabe ao historiador não fazer o papel de ingênuo. (...) É preciso começar por demonstrar, demolir esta montagem (a do monumento), desestruturar esta construção e analisar as condições de produção dos documentos-monumentos."

Desta forma, todo o processo, leva-nos a outra discussão, a que alça o cinema como fonte para o historiador. Assim, procuramos instigar os alunos à participação durante os debates, através de perguntas sobre o filme ou sobre o conhecimento prévio que tinham. Tentamos partir de uma situação-problema, que tenha elementos da realidade imediata dos discentes ou relevantes em sua experiência de vida.

Assim, a partir da exibição do filme, trabalhamos com os alunos um processo de desconstrução do conhecimento. Primeiro situamos o filme, aquela realidade aparente da qual a obra trata, para então analisarmos a realidade que os alunos conhecem daquela situação e tirarmos conclusões e/ou impressões sobre as obras. Nesse sentido, o proposto por nós é sempre apresentar aos alunos aquilo que o diretor se dispôs e, com isso, mostrar que o filme se trata de uma obra ficcional.

Por esta perspectiva, a intenção do diretor , apresentada por nós aos alunos, funciona como elemento gerador de uma discussão que vai além da crítica sobre o meio em que o filme foi produzido e permite a sua discussão também como obra de arte com as regras e conceitos necessárias à tal trabalho. Além disso, os longas selecionados tratam normalmente de aspectos mais do cotidiano, mesmo quando fala da vida de grandes personagens políticos. Priorizamos, na nossa seleção, obras que demonstram a maneira que um processo histórico macro se processa na vida das pessoas comuns, no aspecto micro. Assim, é possível perceber que a dominação política não é concebida como algo absoluto.